Um Caminho para a Sustentabilidade |
Cada vez mais lemos sobre a importância da sustentabilidade. Em todos os setores, em todas as atividades, em pronunciamentos de políticos e governantes, de líderes empresariais e, até mesmo, em comportamento humano.
Assim como em outros temas da administração (Qualidade Total, Reengenharia etc.) este é um tema que causa intensa paixão e controvérsia. Ninguém tem certeza sobre o que significa – efetivamente – Sustentabilidade. E acabou sendo criada uma série de conceitos que, no fim, pode até criar novas regras para estabelecer o que seja “ser sustentável”.
Encontramos, hoje, termos como: Sustentabilidade Corporativa, (índices de) Sustentabilidade Dow Jones, (índices de) Accountability etc. Um conceito de sustentabilidade: Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável.
Claro que esse conceito define bem o que é sustentabilidade. Talvez um tanto anacrônico, se considerarmos que a própria existência da humanidade seja um dos agravantes para a sustentabilidade. O que nos levaria a concluir que ela só será alcançada quando a humanidade chegar a uma quantidade máxima que possa “ser sustentável dentro da dimensão finita do meio ambiente”.
O Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução CFC nº 1.003/04, que trata das Informações de Natureza Social e Ambiental e tem o seguinte objetivo: Estabelecer procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade.
Nesse sentido, a Resolução estabelece regras para estabilizar as informações a serem apresentadas pelas empresas em geral: Geração e Distribuição de Riqueza: A riqueza gerada e distribuída pela entidade deve ser apresentada conforme a Demonstração do Valor Adicionado, (atualmente obrigatória apenas às empresas de capital aberto).
A grande riqueza de informações está na área de Recursos Humanos, na qual entre outros, são apresentados os seguintes dados:
a. total de empregados no final do exercício;
b. total de admissões;
c. total de demissões;
d. total de estagiários no final do exercício;
e. total de empregados portadores de necessidades especiais no final do exercício;
f. total de prestadores de serviços terceirizados no final do exercício;
g. total de empregados por sexo;
h. total de empregados por faixa etária
i. informações relativas à interação com a comunidade, devem ser evidenciados os totais dos investimentos em (i) Educação; (ii) Cultura; (iii) Saúde e saneamento; (iv) Esporte e lazer; e, (v) alimentação.
j. interação com os clientes; fornecedores, etc.
k. Interação com o Meio Ambiente: (i) investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a melhoria do meio ambiente; (ii) investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados; (iii) investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade; etc.
Recentemente, foi editada a Lei n° 12.249, de 11 de junho de 2010, que estabelece, entre outros temas, o Conselho Federal de Contabilidade como o “legislador das normas brasileiras de contabilidade”.
Independentemente da polêmica que essa atribuição estabelecida em Lei possa ter causado, devemos ter em mente que as normas brasileiras de contabilidade, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, devem ser regularmente seguidas pelas empresas, independentemente do seu porte, forma de constituição ou vinculação a outros órgãos normativos.
Se a maioria das empresas brasileiras passasse a adotar a Resolução que trata do “Balanço Social e Ambiental”, já teríamos elementos suficientes para avaliarmos quais as atitudes gestoriais adotadas têm, de fato, cunho sustentável. O critério que definiria a tão falada “sustentabilidade” seria obtido pela prática dos sucessos constatados e, podendo ser imitados, levariam um maior número de empresas à continuidade e ao sucesso.
Quem sabe quantas ações sustentáveis já estão sendo adotadas por sua empresa? As quais, pela ausência de um demonstrativo específico, como o Balanço Social e Ambiental, ou de uma análise mais atenta, têm passado despercebidas e, o que é pior, descontinuadas por se desconhecer os efeitos positivos que proporcionam?
Antonio Carlos Pedroso de Siqueira – auditor independente, sócio da SIQUEIRA & ASSOCIADOS - Auditores e Consultores, professor de auditoria e controladoria, acadêmico da Academia de Ciências Contábeis do Paraná, Delegado do IBRACON em Curitiba